Ex-aluna vencedora do Prêmio Jovem Cientista presente na Reunião Anual da SBPC
20/07/2017
Priscila Ariane Loschi durante palestra na 69ª Reunião Anual da SBPC
A UFMG sedia, até o próximo sábado, 22 de julho, a 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que reúne pesquisadores, professores e estudantes de todas as partes do país, para conhecer o que de melhor se tem produzido no país em ciência e trazendo debates sobre política para educação, ciência e tecnologia, meio ambiente, direitos humanos.
Entre as inúmeras atrações que compõem o circuito que foi erguido especialmente para o evento, no Campus Pampulha, a UEMG também marcou sua contribuição no evento. Uma delas foi a participação da egressa Priscila Ariane Loschi, formada em Design de Produto pela UEMG em 2012, no evento que marcou a celebração do 36º ano de realização do Prêmio Jovem Cientista, promovido em parceria pela CNPq, Gerdau e a Fundação Roberto Marinho.
A designer foi convidada, juntamente com outros dois vencedores da premiação, para expor seu processo de pesquisa, sua aplicação junto à sociedade e como a pesquisa foi capaz de modificar sua vida. Em sua fala, Priscila fez questão de direcionar um agradecimento especial à sua orientadora do projeto, Eliane Ayres, professora da Escola de Design da UEMG, que acompanhava o evento da plateia. “Ela foi um grande diferencial, nos abriu portas inclusive na UFMG, no laboratório onde pudemos desenvolver o projeto e o resultado disso é que temos alunos buscando seu auxílio como orientadora de seus projetos”, afirmou.
O projeto de Priscila consistia em desenvolver um tecido inteligente capaz de manter a temperatura corporal de pessoas que estivessem realizando práticas físicas ou mesmo de pessoas acamadas que precisassem da manutenção de conforto térmico. Embora ela esclareça que já existem tecidos inteligentes desenvolvidos em todo o mundo, por grandes empresas no exterior, ela apontou o grande diferencial de seu projeto: “material proveniente de fontes renováveis, de matéria-prima sustentável brasileira e que possam ser produzidas com baixo custo”. Assim, ela criou um polímero, que, aplicado sobre vestimentas, é capaz de promover os benefícios da manutenção da temperatura corporal.
Priscila, à esquerda, acompanhada do presidente do CNPq Mario Neto Borges e da professora da ED-UEMG Eliane Ayres.
Embora a designer tenha sido premiada em 2012, até hoje tem recebido propostas de empresas, interessadas no desenvolvimento de seu projeto. Durante o evento, um representante das Forças Armadas chegou a trocar contatos com a pesquisadora: “A Marinha do Brasil está pesquisando o assunto fora do Brasil e, então, ficaram muito interessados ao saber que existe esse conhecimento tão perto, dentro do próprio país, que seja sustentável e natural”, comenta.
A professora Eliane Ayres corroborou a fala da profissional: “O projeto, naquela época, chamou atenção demais, porque estávamos no período da realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil”, explica. “E os resultados desse prêmio ressoam até hoje. Por conta dele, passei também a ser mais procurada para auxiliar pesquisas na área de tecidos inteligentes. Nessa última seleção para mestrado e doutorado em Design [finalizada no início de julho], por exemplo, tivemos três candidatos para essa área de pesquisa de materiais inteligentes”.
Empecilho
Embora desperte interesse de grandes players do mercado, inclusive multinacionais, o projeto ainda não pode ser levado ao mercado por uma séria limitação: a burocracia para a obtenção de patente. Com o pedido em andamento no INPI desde 2012, Priscila não pode dar andamento à produção nem negociar sua descoberta com empresas interessadas enquanto não obtiver a patente do órgão federal.
Para se ter uma ideia da morosidade do processo, até dezembro do ano passado havia mais de 244 mil pedidos de patentes em andamento. Para piorar o quadro, o tempo de espera para obtenção de patente no Brasil é de aproximadamente dez anos, um desperdício de tempo investido em pesquisa e inovação que deixa o país no decepcionante 30º lugar no ranking mundial de patentes.
Em entrevistas concedidas à imprensa, representantes do órgão federal alegam reiteradamente a falta de pessoal qualificado para dar celeridade a todos os processos, que exigem massivas buscas em bancos de dados mundiais antes de dar entrada em um processo de proteção.
Priscila lamenta a demora e afirma que embora promissor, o projeto fica “engessado” pela burocracia, o que acaba desestimulando a produção de inovação no país. “Por conta da lentidão do processo, temos tido dificuldades em trabalhar isso no mercado. Tivemos contatos de empresas grandíssimas, inclusive multinacionais, que ligaram, dizendo: “queremos que você desenvolva isso para nós com exclusividade”, “vamos trazer você para cá para poder pesquisar”, mas o processo de patente é muito engessado. Temos muitos pedidos de patente em andamento no Brasil e todos em um processo muito demorado. Isso é algo que nos deixa naturalmente chateados. Desenvolvemos projetos muito bons ao longo dos anos e eles vão sendo atravancados por burocracias que às vezes são desnecessárias”, critica.
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