Livro infantil que prega paz no clássico Galo e Cruzeiro tem ilustrações de artista formado na UEMG
01/04/2017
Neste sábado (1/04), Atlético-MG e Cruzeiro voltam a se enfrentar no Mineirão. Autor do livro espera que o clima do clássico seja inspirado pelo Amarildo
Foto: Gulliver/Divulgação
Dia de clássico Atlético-MG e Cruzeiro. Mineirão lotado. Festa das duas torcidas. Sem brigas. Rivalidade saudável. Parece a descrição do primeiro jogo entre os dois rivais mineiros em 2017, pela Primeira Liga, um respiro para quem apoia o Mineirão dividido em dia de clássico. Mas é o sonho de Amarildo, personagem do livro infantil que prega a paz entre os dois maiores rivais de Minas Gerais. "Amarildo: o mais atletizeiro dos cruzeiranos" pretende mostrar que a rivalidade, seja entre quaisquer times do país, é saudável e tem limites.
A mente por trás da história é a do professor e músico Eduardo Maia, de Divinópolis. Amante das letras, encontrou nos alunos adolescentes a inspiração para criar Amarildo. O autor contou que por muito tempo viu estudantes discutirem – e muitas vezes quase brigarem fisicamente – em defesa do time do coração: "Eu sentia que faltava uma história que levasse essa meninada a refletir sobre os limites do fanatismo no esporte. Eles precisavam se espelhar em um personagem que os fizesse entender que a rivalidade entre times e suas torcidas é saudável, desde que não exceda os limites do bom senso, da ética e não ameace os direitos dos outros", explicou.
Na história, Amarildo é filho do botafoguense Oscar, e é batizado como Amarildo, um dos maiores ídolos do clube. O personagem é uma mistura do Amarildo, substituto de Pelé na Copa do Mundo de 1962, com as crianças que jogam bola nos campinhos de bairro. Nasceu no Rio de Janeiro, mas quando ainda era um bebê viajou com os pais para Belo Horizonte, para o pai trabalhar em uma mineradora. Cresceu perto da favela do Pindura Saia, onde jogava futebol.
Na capital mineira virou torcedor do Atlético-MG... e do Cruzeiro. Não ligava para críticas e não levava a sério a rivalidade entre as torcidas. Até que uma briga entre atleticanos e cruzeirenses o inspirou a se tornar, de vez, um porta-voz contra a segregação.
Ele tinha camisa dos dois times de Belo Horizonte. Às vezes, vestia a camisa alvinegra do Galo. Em outras ocasiões, o azul celeste era a escolha. Ganhou fama de "vira-folha". Aos 16 anos, Cabeça, o melhor amigo e parceiro no ataque do Pindura Saia Futebol Clube morreu em briga entre torcedores de Galo e Cruzeiro na saída do Mineirão.
Foi quando teve a ideia de vestir a camisa dos dois clubes. Literalmente. Pediu à mãe que cortasse as camisas do Atlético-MG e Cruzeiro ao meio e costurasse uma na outra. Nas costas, os nomes dos ídolos Tostão (do Cruzeiro) e Reinaldo (do Atlético-MG), formavam duas palavras de um poema dadaísta: Tosnaldo e Reitão.
Foto: Ricardo Welbert
Os traços de Amarildo saíram das mãos do artista plástico Gutto Paixão. Formado pela Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e na Escola Guinard, trabalha como designer gráfico e ilustrador. Ele conta que a experiência de ilustrar um livro que prega a tolerância foi uma tarefa emocionante: "Quando a gente pega uma história que já traz uma carga de emoção, o trabalho tende a ser mais verdadeiro. É uma oportunidade de mexer com a imaginação. A ilustração, mesmo trazendo as imagens para as palavras, não encerra o livro. Sempre deixa um espaço para que o leitor complete a história. Ele sempre vai poder dar um passo a mais e imaginar uma coisa que não está desenhada ali", acrescentou.
Neste sábado, Atlético-MG e Cruzeiro voltam a se enfrentar no Mineirão, às 16h, pelo Campeonato Mineiro. O autor do livro espera que, não só em clássicos de Minas, mas em todo e qualquer jogo, que os rivais sejam inspirados por Amarildo: "Eu gostaria que o meu personagem inspirasse não apenas torcedores de Atlético-MG e Cruzeiro, mas de qualquer outro time, pois diante de uma rivalidade em campo, exageros podem acontecer de qualquer lado, independente do nome do clube. Espero que as pessoas aprendam, antes de tudo, a respeitar o outro. Todos têm direitos iguais de torcer. Mas esse direito termina quando você interfere no direito do outro por meio da violência", conclui Eduardo Maia.
Foto: Gulliver/Divulgação
Eduardo Maia (esquerda) e Gutto Paixão, autor e ilustrador de "Amarildo"
Com informações de Jornal Floripa
ASSESSORIA DE COMUNICACAO SOCIAL
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