12º P&D: Presente e futuro do design latino-americano foram temas da palestra de hoje
06/10/2016
A professora María Verônica Barzola (foto), do Departamento de Produção da Unviersidade do Palermo, Argentina, foi a convidada desta manhã para ministrar a palestra internacional de hoje do 12º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design (P&D).
María Verônica é uma das 130 embaixadoras do Design na América Latina, uma rede de pesquisadores que abrange 19 países sul e centro-americanos, além do México, e que realizou uma pesquisa continental para compreender como a América Latina percebe a profissão, o ensino e o mercado de trabalho para o design e, a partir desse entendimento, projetar um conceito de design no continente americano de língua latina para os próximos dez anos. "Temos como pressuposto, com essa pesquisa, entender até onde podemos chegar, começar a projetar um entendimento de design que atenda a continentes em vez de somente empresas e países", explica.
O primeiro passo foi a aplicação de uma pesquisa para profissionais, professores e estudantes, aplicado em cada um dos países participantes. Segundo a professora, a coleta de dados durou dois meses e suas perguntas se basearam em torno de quatro eixos: o ensino do design; desenvolvimento profissional; imagem atual; imagem atual e prospectiva do design.
Foram coletadas mais de 3,5 mil participações em todos os países, sendo que 60% das respostas foram emitidas por estudantes. Estiveram aptos para participar "atores do mundo da arte, cultura, design e comunicações". Para essa variedade de áreas envolvidas, a professora explicou: "O mundo de quem trabalha com o design não se encerra somente nos designers". E relembrou que o design é uma área transdisciplinar, que pode contribuir em diversas outras áreas de conhecimento: "Embora à primeira vista não se entenda como o design possa atuar no teatro, por exemplo, é preciso lembrar que esse ramo necessita de profissionais que lidem com cenografia e figurinos, que podem ser de atuação dos designers", pontuou.
María Verônica afirma que os dados obtidos na pesquisa são preliminares e que ainda estarão passíveis de interpretação mais apuradas dos realizadores, que deverão expor seus entendimentos em publicação a ser repercutida no VIII Congresso Latinoamericano de Ensino do Design, cuja edição será organizada no próximo ano.
Resultados
Alguns dos resultados obtidos na pesquisa foram capazes de suscitar constatações e pontos de partida para melhoria e desenvolvimento da área de conhecimento na América Latina. Em relação ao ensino do design nos continentes avaliados, 47% dos participantes entendem que o ensino do design na América Latina é realizado de forma eficiente e mais de 50%, que o ensino do design prepara o profisisional para as soluções sociais de sua cidade ou região.
Sobre esse resultado, a professora problematiza: "Há que se levar algumas coisas em consideração às respostas a essa pergunta: o percentual de estudantes que responderam a pergunta e se a América Latina mira em si mesma quando a responde. Pois é uma percepção que pode ser simplesmente confrontada quando se compara a elas o mapa de renda per capita dessas regiões".
Outro tópico de destaque na discussão sobre o ensino da área diz respeito ao papel que o professor desempenha na formação desse profissional e se atualmente se o tem preparado para resolver problemas ou a usar ferramentas que o possibilite plenamente a fazê-lo.
Nesse sentido, a professora vai ao encontro do entendimento de José Federico Hess, palestrante de ontem, que diz ser preciso refundar o papel do professor, para que se torne um facilitador em sala de aula; que deixe de entender a tecnologia como um "fantasma" dentro de sala de aula e que aceite uma nova geração multitarefas, capaz de se conectar simultaneamente a várias atividades e ter a atenção por elas divida.
Outra percepção que merece comentários é a de que o profissional de design na América Latina sente-se incompreendido e desvalorizado, por motivos que vão desde a compreensão alheia equivocada de que a área tenha meramente uma função de promoção estética, até a pouca autonomia e espaço para exercer a criatividade: "Muitas vezes o designer é instado, nos processo produtivos de empresas, a copiar modelos de êxito já existentes no mercado em vez de ser encorajado a romper paradigmas, o que causa bastante frustração", elucida.
Um dos reflexos diretos disso é que maioria dos profissionais desejam se tornar empreendedores, submetendo-se cada vez mais a trabalhar para outras empresas. Ao responder ao tópico: "Como se vê na profissão dentro dos próximos cinco anos", 50% dos participantes se veem guiando o próprio negócio. Essa porcentagem também se relaciona com a sensação de que o mercado esteja em franca expansão: mais de 81% afirmam a percepção de que o mercado para designers cresceu na última década e promete se manter aquecido principalmente nas áreas criativas e de inovação.
ASSESSORIA DE COMUNICACAO SOCIAL
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