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Unidade Divinópolis | Professor produz documentário sobre os impactos da mineração após as tragédias de Mariana e Brumadinho

21/02/2019

Assessoria de Comunicação – UEMG Unidade Divinópolis

O professor, fotógrafo e documentarista Richardson Pontone, coordenador do curso de Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) da UEMG Unidade Divinópolis, vem acompanhando os conflitos acerca da mineração em Minas Gerais desde 2010, mas foi no começo deste ano que ele decidiu produzir um documentário sobre o tema.

Assim que soube do rompimento, no último dia 25 de janeiro, da barragem da mina do córrego do Feijão, em Brumadinho, ele foi a campo para iniciar o trabalho de pré-produção, pesquisa e gravação do documentário “LAMA – O crime VALE no Brasil”. Além de Brumadinho, o documentário abordará outra tragédia que marcou Minas Gerais: o rompimento da barragem do Fundão, ocorrido em 5 de novembro de 2015, em Mariana.

O documentário, cujo lançamento está previsto para março, está sendo dirigido pelo professor Pontone em parceria com o cineasta, documentarista e escritor argentino Carlos Pronzato e conta com a direção de campo da professora e poetisa Denise Belo.

Confira a entrevista exclusiva do professor.

***

Qual é a proposta do documentário?


Temos como proposta investigar os impactos da mineração a partir do que os crimes de Mariana e Brumadinho causaram nas populações das suas respectivas regiões, no Estado e no meio ambiente de forma geral, para além das fronteiras do homem. Neste documentário, abordaremos os impactos causados pela mineração em todos os aspectos.

A mineração nestas regiões colabora com inúmeras arbitrariedades do ponto de vista social e ambiental. Abordaremos o impacto negativo, a falta de transparência do poder público, falhas na legislação e, principalmente, a intimidação que os grupos de mineração fazem com os habitantes das áreas afetadas e como todos estes fatores influenciam a realidade local.

Fotos: Reprodução do Facebook do professor Richardson Pontone

Richardson Pontone, Carlos Pronzato e Denise Belo (à esquerda) durante gravação de entrevista para o documentário

Segundo relatos, esse modelo de extração de minério tem contribuído com a degenerescência de várias regiões. As cidades, por exemplo, inicialmente não contavam com infraestruturas suficientemente boas para atender às demandas das suas populações. Mesmo com a vinda da mineração, sob o ideário do “progresso”, em nada contribuíram para o enriquecimento e a emancipação de seus habitantes.

Há relatos de vários problemas característicos, especialmente dessa relação população-mineradora, como assédio e intimidação por terras nas regiões exploradas, impactos estruturais nas cidades, falta de respeito com os habitantes e mudanças negativas nas realidades locais, além de outros problemas congêneres. Há também denúncias de violência contra mulheres, condições precárias de trabalho, poluição ambiental e descaso do poder público com toda a situação.

Mesmo havendo toda uma legislação específica acerca do meio ambiente e das formas de lidar com a extração mineral, os danos causados pela exploração mineral, principalmente os colaterais, são altos demais. A maneira de lidar com estes danos é das mais sofríveis, tanto pela falta de fiscalização quanto pela ausência de dispositivos legais que protejam matas, nascentes, fauna, flora e povos de forma mais objetiva e preventiva.

Este filme é de grande relevância para se perceber e refletir sobre o tema, por se tornar uma janela para o problema da mineração e para a relação desta atividade com tantas outras cidades brasileiras que vivem em situações semelhantes, à mercê de dramas tão ou até mais trágicos.


Escombros de casas derrubadas em Brumadinho após o rompimento da barragem da mina do córrego do Feijão

Este documentário pretende, de forma urgente, ser mais um documento sobre a questão da mineração no Brasil, atentando sobre seu impacto não apenas no meio ambiente, mas em toda a população.

Portanto, não se nega o progresso e a tecnologia. A intenção é destacar como as práticas mercantis vigentes, nascidas e crescidas na preocupante lógica do “lucro a qualquer custo”, abusam, soterram e castram qualquer movimentação libertária do ser humano.

O que mais lhe marcou durante as viagens a Mariana e Brumadinho para gravar o documentário?

Desde 2010, acompanho os conflitos acerca da mineração em Minas Gerais. Conheço muito bem a região que chamam de “Quadrilátero Ferrífero”, expressão equivocadamente cunhada pela indústria da mineração e que, na verdade, se chama “Quadrilátero Aquífero”. Não é por menos que o nosso Estado é conhecido como a “Caixa d’água do Brasil”. O que mais me marcou nisso, principalmente após o desastre de Mariana, foi que nada mudou, nada foi feito em todos os sentidos, e as mesmas características criminosas continuaram. O que me marcou foi o desespero do povo, refém de uma atividade econômica que não se renova, não evolui e não se adequa. Tudo pelo lucro porque esse é o modelo mais lucrativo de extração.

Quais são as principais semelhanças entre as duas tragédias?

O mesmo modelo de extração, a mesma empresa (a Samarco pertence à Vale), uma barragem com as mesmas características, sem segurança, o mesmo modelo de extração de minério e, principalmente, as mesmas vítimas: os trabalhadores e as trabalhadoras, ou seja, o povo, a cidade e um rio no caminho. O mesmo crime. O mesmo desastre, porém com mais mortos e mortas em Brumadinho.


Carlos Pronzato e Richardson Pontone dirigem entrevista para o documentário

Qual é a importância de se produzir um documentário sobre as duas tragédias?

Mais um documentário. Outros estão sendo feitos. Além da nossa equipe, muita gente bacana está amplificando aquelas vozes tão abafadas e doloridas. Cada filme com seu enfoque, recorte e abordagem. Nessa empreitada, chamei para dirigir junto comigo o cineasta e documentarista argentino Carlos Pronzato, que já possui um grande acúmulo produzindo filmes pela América Latina. Ele estava saindo de Alagoas e indo para a Venezuela. Daí eu disse: “Comandante!!! Temos outro crime da mineração aqui, e agora temos que fazer o que não pudemos aprofundar em Mariana...” A partir daí, em uma semana ele se organizou, conseguiu uma ajuda de custo para a sua passagem e saiu de Alagoas de ônibus e veio para Brumadinho. Nesse meio tempo, eu já estava por lá na pesquisa e fazendo algumas entrevistas.

Cheguei em Brumadinho com muito cuidado, afinal a imprensa mundial já estava por lá com o seu enfoque e formas de abordagem. O problema é que, muitas vezes, várias vozes são abafadas pela grande imprensa em nome da tal “imparcialidade”. No documentário, não temos esse tal “rigor jornalístico”. A função do documentário e, no nosso caso, do documentário militante, crítico e social, é exatamente amplificar ainda mais essas vozes. E onde está a tal imparcialidade? Não há! O documentarista social existe para colaborar com uma grande parcela da sociedade que, muitas vezes, não é assistida ou é mal representada por parte da grande mídia. Talvez essa seja a importância desse e de outros documentários do gênero.


A lama da barragem da mina do córrego do Feijão se espalhou por diversas regiões de Brumadinho

Que lição podemos tirar de tragédias como as de Mariana e Brumadinho?

Não sei se tiraremos alguma lição, sabe? Mariana e Brumadinho são o reflexo de um modelo econômico esgotado. São empresas sujas que sabem que desse jeito não podem operar na Europa e nos Estados Unidos. Temos um modelo econômico extrativista que não mudou desde 1500. É assim em toda a América Latina, África, Índia, entre outros países que se dizem emergentes, mas, na verdade, são neocolônias. No caso de Minas Gerais, o próprio nome diz. São as Minas!!! Saímos do ciclo do ouro e entramos, a partir da demagogia desenvolvimentista, no ciclo do minério. Nossa água está acabando, nossos rios, nosso cerrado, nossa vegetação. Nosso povo está descendo a reboque. Sem respeito, proteção e leis trabalhistas. Felipe dos Santos e Tiradentes foram as primeiras vítimas da mineração. Foram esquartejados quando criticaram. Agora, a mutilação se dá de outra forma. Ela começa em Brasília, tirando os direitos trabalhistas, afrouxando as leis ambientais, e, por aqui, escorrem junto com a lama em razão do lucro. Lamentável!

Como você consegue enxergar o futuro das duas cidades?

Estou tão fragilizado com isso tudo. É um combo, entende? É um problema atrás do outro. Eu não vejo o futuro dessas cidades se a gente não mudar o modelo econômico. Uma das nossas entrevistadas no filme disse: “Temos um grande potencial para formarmos empresas criativas, espaços de turismo, de afeto. Temos um potencial absurdo a partir de nosso povo, clima e relevo. Mas ainda somos produtores de matéria-prima e não formamos cientistas. Preferem tirar dinheiro da educação e dar subsídio para a mineração. Isso é pornográfico!”

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