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Unidade Campanha| Estudantes de Processos Gerenciais apresentam planos de negócio
20/12/2018
“O intuito dessa apresentação é propiciar uma ligação direta dos estudantes com o mercado onde irão trabalhar após o término do curso. A Universidade não pode, nem deve, ficar apartada das expectativas da sociedade.” Assim comentou o professor Flávio Maia, do curso de Processos Gerenciais da UEMG Unidade Campanha, sobre a iniciativa realizada no último dia 06, na sala UAITEC, anexa à sede administrativa da Unidade Acadêmica.
Responsável pela disciplina Plano de Negócios, no quarto período do curso, o professor conta que os trabalhos foram apresentados para uma banca avaliadora composta por três integrantes: prof. Hugo Marques, coordenador do curso de Gestão de Comercial da UEMG Unidade de Passos, que contribuiu com a visão acadêmica dos projetos; prof. Edivaldo Barbosa, diretor da unidade SENAC de Varginha, que contribuiu com a visão do sistema S, especialista em modelar ideias empreendedoras para o mercado; e o sr. Rogério Vilela, diretor-presidente de empresa no setor de refrigerantes, que analisou os trabalhos sob a ótica do empresário/investidor.
A disciplina Plano de Negócio, é inter/trans-disciplinar. Durante o curso, os alunos entram em contato com todo o conhecimento teórico e prático e o fruto da disciplina é a elaboração de um plano de negócio. Para viabilizar a construção do documento foi elaborada uma proposta pedagógica diferenciada. “Como a maioria dos alunos são de cidades vizinhas, tivemos que aproveitar o tempo que eles tinham em aula para fazer a reunião das equipes, simulando um ambiente de negócios, onde as equipes foram estimuladas a trabalhar como consultorias”, explicou o prof. Flávio.
Os negócios apresentados
Quatro negócios foram apresentados na noite. A primeira equipe apresentou o negócio “Barragem Camping”: propuseram a transformação de uma área já existente em um local de camping, com chalés, restaurante e parque aquático no lago da Usina do Chicão, entre as cidades de São Gonçalo do Sapucaí e Campanha.
Para Rogério Vilela, “é um negócio possível de ser realizado, mas que requer um alto investimento. E também vocês estão muito suscetíveis a imprevistos naturais: se houver um período de chuva muita intensa, o negócio não terá público, porque simplesmente os clientes não conseguirão chegar ao local, pois a estrada é de terra”
“La casa de hambúrguer” foi o foodtruck especializado em hambúrgueres gourmet que seria localizado em Varginha, e, em fins de semana, iria para feiras e eventos. “É um negócio que se mostrou muito inviável, até mesmo no cenário positivo. Fizemos as contas, mas, quando acrescentamos o valor do veículo e da adaptação, encareceu demais nossos custos”, relatou Juliana Paganelli, que fez parte da equipe que idealizou o negócio.
“Foi interessante a apresentação da equipe pois eles não mascararam os números. A tendência em trabalhos acadêmicos é os alunos forjarem os números para que o negócio dê certo. E o Plano de Negócio é o documento para verificar, ou não, a viabilidade de um negócio”, relatou Hugo Marques.
A terceira equipe da noite apresentou o negócio “Clean Top”, que objetiva fornecer o serviço de empregadas domésticas aos interessados. A ideia foi elogiada pelos membros da banca, que não deixaram de fazer as ponderações necessárias. “Eu vejo como uma boa ideia, mas vocês pegariam o profissional, iriam treiná-lo, capacitá-lo, sem a garantia nenhuma que o profissional continuasse na empresa”, ponderou Rogério Vilela. Lara Ayres, integrante da equipe, ressaltou que o projeto da Clean Top é dar segurança e estabilidade a profissionais que dependem da quantidade de faxinas por mês, para garantir o sustento. “Na Clean Top, esses profissionais teriam um salário fixo mensal, com todos os direitos trabalhistas assegurados em lei. Algo que não acontece se o profissional for autônomo”.
Encerrando a noite, a equipe “LC Consultoria” fez a sua apresentação. A equipe propôs a abertura de um negócio de consultoria agronômica para pequenos agricultores, que dispõem somente da assistência da EMATER. “É o negócio mais possível de ser aberto e obter sucesso! Vocês teriam um baixo investimento inicial e um retorno em curto prazo”, ponderou Rogério Vilela. Já Edivaldo Barbosa sugeriu que a equipe verificasse a projeção do número de visitas por dia: “Vocês não vão conseguir fazer essa quantidade de visitas por dia. No SENAC programamos 4 e já é muito! Muitas vezes o cliente desmarca, não está presente, há desencontros...”.
Ao final das apresentações, o professor Flávio Maia agradeceu a presença da banca e de todos presentes e ressaltou a importância do contato entre as Unidades da UEMG. “O importante de sua participação hoje, prof. Hugo, foi estabelecermos um contato com a unidade de Passos e vice-versa. Somos muitas unidades e precisamos aprender a compartilhar atividades”. Postura ratificada pelo coordenador de Passos. “Muitas vezes não sabemos o que outras unidades que têm o mesmo curso estão fazendo. Temos que afinar as relações”.
Flávio ainda ressalta a importância desse trabalho para os acadêmicos: “No começo, estavam todos apreensivos e inseguros. Mas foi um projeto de ensino desenvolvido ao longo da disciplina, semana a semana. E ao final, todos tiveram a sensação de dever cumprido! Atividades como essa ratificam o tripé que sustenta a Universidade – ensino, pesquisa e extensão”.
O acadêmico Rafael Silva, ressalta o valor da experiência desta atividade: “Proporcionou para nós essa ótima experiência. Tenho certeza que cada um sentiu um pouco do que o mercado vai exigir de nós”. Já Gilberto Wagner Valim declarou que estava muito apreensivo para a apresentação do projeto Barragem Camping: “Foi muito sufoco, muitos suspiros, e toda a vontade de desistir sim, mas é melhor enfrentar a cobrança do professor, sua insistência, sua confiança em poder acreditar que somos capazes de chegar até o fim! E conseguimos!”.
Troca de experiências
Para estimular os acadêmicos, ao longo do semestre, os alunos tiveram a possibilidade de conversar com alguns empresários, que relataram suas experiências.
A empresária Márcia Lemes expôs aos alunos como foi difícil iniciar um hotel, em Campanha, cidade com grande potencial turístico, mas que não tinha nenhuma tradição do ramo. “Há trinta anos, nós não tínhamos aqui em Campanha mão de obra especializada. Como o hotel era em um prédio colonial, as paredes eram, aliás são, pois ainda estão lá, de taipa de pilão. É um emaranhado de madeira e barro que nem todos os pedreiros conheciam.” Márcia também relatou a dificuldade de se padronizar os serviços de arrumadeira. “Tinha que treinar todos os funcionários e fazê-los compreender que, nesse ramo, não é possível que a cama de um hóspede esteja arrumada de um jeito e no quarto do vizinho esteja com outra arrumação”.
Proprietário de confecção, Bruno Imbrizi também teve uma conversa muito franca com os alunos. Seu negócio vende seus produtos por meio de e-commerce e em lojas multimarcas. Bruno comentou que a confecção iniciou nos corredores da UFJF e hoje é uma grande fábrica que, inclusive, foi escolhida recentemente para elaborar uma coleção com os personagens da Turma da Mônica.
Já Rogério Vilela conversou com os alunos sobre a história, percalços e desenvolvimento da sua empresa de refrigerantes, que já completou seus 70 anos. Destacou as transformações que o negócio passou, e pôde relatar aos acadêmicos um pouco da história econômica do Brasil nos anos 80. “A primeira vez que nós quebramos foi próximo do fim do Plano Cruzado. Pegamos um empréstimo para revitalizar a fábrica. Conseguir pagar as dívidas e fazer um caixa. Um ou dois meses depois, o Sarney encerrou o Plano Cruzado e reajustou todos os empréstimos em mais de 100%. Resultado: quebramos! Falimos! Não tinha como pagar!”. Rogério também relatou aos alunos que os momentos de crise são os melhores momentos onde as oportunidades aparecem para crescimento.
Educação Fiscal
Em uma parceria entre a unidade de Campanha e a Delegacia Fiscal da Superintendência Fazendária de Varginha, os acadêmicos do IV período de Processos tiveram uma palestra com o auditor da receita estadual Marcelo José Lins Barbosa sobre enquadramento fiscal. Puderam tirar suas dúvidas sobre Simples Nacional, Microempreendedor Individual, faixas de recolhimento e outros temas.
“A Secretaria de Fazenda já mantém um programa de Educação Fiscal. E esse programa existe justamente para informar o cidadão, que é contribuinte do imposto, a ter informações claras sobre aquilo que ele está pagando. E nesse contexto de novos empreendimentos, é fundamental que os alunos enquadrem esses negócios corretamente, nos negócios que estão projetando. O imposto vai impactar diretamente nas despesas fixas das novas empresas” comentou Marcelo Barbosa.
CAMPANHA
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