Matéria sobre a participação de maiores de 60 anos em universidades públicas destaca a UEMG
25/01/2018
Leia a íntegra da matéria publicada pelo 'Hoje em Dia'
Encontrar idosos ocupando bancos em salas de aula nas universidades não é muito comum. Geralmente, os mais experientes frequentam os espaços acadêmicos como educadores. Mas, em breve, o ensino superior terá cada vez mais pessoas acima de 60 anos na condição de alunos. Norma recentemente aprovada pelo governo federal determina às instituições de ensino adotarem a inclusão da terceira idade.
A Lei 13.535 altera o Estatuto do Idoso e obriga centros de ensino a garantir a oferta de cursos e programas de extensão. O texto estabelece, ainda, apoio do poder público na criação de universidade aberta a esse público.
A mudança vem em um momento em que a UFMG irá lançar um curso de extensão gratuito, com enfoque em esportes, destinado aos mais velhos. Pró-reitora-adjunta de extensão da maior federal de Minas, Claudia Mayorga ressalta que um dos objetivos do curso é ampliar os serviços de inclusão do idoso. “Queremos fomentar a troca de experiências entre os jovens, que frequentam a graduação e a pós, e os mais experientes, que têm conhecimento para passar às próximas gerações”.
Sendo a população idosa a que mais cresce no país, a docente, que coordena o projeto Maioridade, da UFMG, destaca que muitas vezes essas pessoas não têm acesso ao conhecimento produzido no ambiente acadêmico. “As iniciativas aumentam a qualidade de vida da terceira idade. Eles aprendem não só a realizar atividades de leitura, informática e saúde, mas também envelhecem de forma mais saudável”, frisa.
Participante de um projeto de extensão ofertado pela Universidade do Estado de Minas Gerais, Sílvio procura manter a mente ativa com atividades como a pintura
Autoestima renovada
Conviver com novas pessoas e sentir que é capaz de aprender foi o que ajudou a aposentada Hélia Maria Barbosa, de 67 anos, a se recuperar de uma depressão. “Ao parar de trabalhar, comecei a me sentir incapaz, não conseguia ler os livros que sempre gostei”, conta.
Por indicação de amigos, ela se matriculou no projeto de extensão Pleno Viver, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), iniciativa que busca reintegrar os mais velhos à sociedade, como explica a coordenadora Vânia Aparecida de Jesus.
“Eles percebem que são capazes de buscar conhecimento, conhecem outras pessoas da terceira idade, dividem histórias. É um processo transformador”. Há quase um ano como estudante do projeto, Hélia já conseguiu retomar o hábito de leitura e se sente muito mais confiante.
Militar reformado, Sílvio Cristo Moreira, de 82 anos, começou a frequentar o Pleno Viver em 2001. “Sempre gostei de cantar, escrever, pintar. Quero manter meu cérebro ativo. Sinto-me feliz e com gás para viver”.
Cobrança
A lei 13.535 torna mais clara a necessidade de políticas voltadas para acolher pessoas mais experientes nas universidades e faculdades.
Em BH, boa parte dos projetos de inclusão de idosos nas instituições de ensino superior públicas é paga. Hoje, a UFMG oferece, anualmente, 50 vagas para o projeto Universidade Aberta à Terceira Idade. Os matriculados têm aulas sobre envelhecimento e saúde, qualidade de vida, cotidiano e cultura, dentre outras atividades. Para participar, porém, há taxa de inscrição.
A intenção dos gestores é mudar o cenário e investir em atividades gratuitas. “Queremos que as ações direcionadas a esse público sejam mais divulgadas e atraiam mais pessoas. Vamos investir também em oficinas de tecnologia”, diz a pró-reitora-adjunta de Extensão da Federal, Claudia Mayorga.
Em 2018, a UEMG também irá elaborar uma política de incentivo à participação de idosos em disciplinas isoladas dos cursos da instituição.
A ideia é lançar um edital destinado a projetos de ensinos inovadores. “Uma das temáticas contempladas será a de iniciativas relacionadas à inclusão da terceira idade, conforme a lei aprovada”, explica a pró-reitora de Ensino da universidade, Elizabeth Dias Munaier.
ASSESSORIA DE COMUNICACAO SOCIAL
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