UNIDADE EM FOCO - Escola de Música | Música ao alcance de todos
03/04/2018
O estudante de piano David de Oliveira Emerick chega a estudar oito horas diárias para aprimorar a técnica
Do auditório Fernando Coelho, ressoam violinos, piano e voz. É tarde de audição dos estudantes do Curso de Formação em Música, oferecido pela Escola de Música da UEMG, do Campus Belo Horizonte, e aberto ao acompanhamento de qualquer interessado. Trata-se do momento em que os estudantes demonstram sua evolução técnica e testam sua performance em instrumento ou canto em evento aberto ao público.
O perfil de seus participantes é eclético: homens e mulheres, adolescentes e adultos. Ali se reúnem desde aqueles que pretendem futuramente se profissionalizar, quanto aqueles que desejam apenas manter uma relação de fruição e aprendizado com a música.
Todos compõem uma história de quase vinte anos da Escola de Música em cursos de formação musical para a comunidade externa. Com esse percurso, a formação cria seus diferenciais em relação a outros cursos livres oferecidos em Belo Horizonte.
Coordenadora do Curso de Formação em Música, a professora Carmen Vianna (na foto a seguir) afirma que um dos diferenciais do curso é direcionar o estudante em um percurso progressivo de desenvolvimento artístico. O estudante aprovado no edital de seleção tem diante de si uma formação musical com duração de até três anos, com os mesmos professores que também lecionam nos cursos de graduação da Escola de Música. O estudante ascende de módulo conforme seu aproveitamento e amadurecimento aferidos em testes regulares.
"Aqui eles estão sujeitos a níveis de conhecimento musical e, se pretenderem fazer uma graduação, estarão plenamente preparados. Mas se não pretenderem, terão uma formação musical muito bem-feita”
Carmen afirma que o conteúdo disponibilizado é capaz não apenas de dotar o estudante da técnica necessária para manuseio do instrumento ou voz, como também prepará-lo para concursos e vestibulares de música, audições, ou mesmo para o amadurecimento do futuro músico profissional: “O trabalho de música de uma forma séria em um ambiente que inspira música o dia inteiro é diferente de uma escola livre, que tem uma programação em que praticamente o aluno dita o conhecimento. Aqui eles estão sujeitos a níveis de conhecimento musical e, se pretenderem fazer uma graduação, estarão plenamente preparados. Mas se não pretenderem, terão uma formação musical muito bem-feita”, afirma.
Concorda com essa postulação a estudante Lizza Rocha, de 39 anos, que faz aulas de violino e atualmente está no Módulo Intermediário I. Mesmo possuidora de conhecimento anterior do instrumento, conta que embora gostasse muito de praticar, precisou deixar o estudo musical em alguns períodos da vida para atender às questões mais urgentes do cotidiano, o que acabou atrasando seu desenvolvimento musical. Encontrou no curso da Escola de Música a oportunidade ideal para retomar as atividades: “Não é um curso puxado como uma graduação ou licenciatura, mas dá uma base muito sólida para quem deseje futuramente seguir a carreira”.
Trajetórias na música
Luís Miguel, violino
Daniel Müller, canto
Lizza Rocha, violino
"Voltei este ano [2017] para Belo Horizonte. Nos primeiros meses ficamos perdidos, procurando lugares onde eu pudesse tocar. Achamos os cursos de extensão da UEMG e da Universidade Federal. Acabei optando pela UEMG, porque o edital era mais acessível para mim. Entrei no curso no início deste ano e quando revejo vídeos meus tocando, é nítida a evolução que tive nos últimos seis meses"
"Trabalhei como Guia Turístico da Igreja da Pampulha e lá se apresentava um coral chamado Angelus, regido pela Marilene Gangana, que é professora aposentada pela UEMG. Um dia ela me avistou e perguntou se eu gostaria de integrar o coral, já que faltavam vozes masculinas na composição do grupo. Em uma segunda-feira de folga, peguei um ônibus, fui para o ensaio, ela fez minha classificação vocal e na semana seguinte já estava cantando um salmo lá na igrejinha"
"Com o adoecimento de minha mãe, saí do emprego e comecei a cuidar dela em tempo integral. Comecei a buscar alguma coisa para desanuviar um pouco. Tive aulas particulares de violino em 2008, mas precisei interromper, pois nesse período tive dois filhos, então voltava e parava as aulas.(...) Fiz a seleção da UEMG, passei na prova.(...) Meu interesse é aprender a tocar bem o instrumento, como hobbie, apenas pelo prazer de tocar bem. Trabalhar o autocontrole com o nervosismo"
Talentos em desenvolvimento
A professora Carmen Vianna, afirma que atualmente o Curso de Formação em Música atende a aproximadamente 70 alunos, alguns deles com evidente talento. Um deles é o estudante de piano David de Oliveira Emerick. Com apenas 17 anos, ele está atualmente no Módulo Intermediário III e respira música, chegando a estudar até 8 horas diárias.
Emerick desenvolveu ainda criança o gosto pelo piano e desde então são companheiros inseparáveis: “Comecei a estudar bastante quando descobri que tinha potencial. Pretendo cursar a graduação em piano e depois tentar um mestrado fora do país. A carreira de pianista é muito difícil. Você precisa de muito treino e qualificação, mesmo porque entrar em concerto é muito concorrido. Você precisa ser o melhor e este é objetivo: treinar e ser o melhor”.
A professora Carmen Vianna explica que no mercado da música erudita, conquanto existam mais oportunidades para instrumentos de sopro, metais e cordas em grupos musicais, como orquestras, para pianistas existe apenas uma vaga. A concorrência é grande e o escolhido deve ter excelente técnica e muito talento.
Outra história presente entre os participantes do curso é do estudante de violino Luís Miguel, de 26 anos, que atualmente cursa o Módulo Intermediário II e teve seu primeiro contato com a música buscando aulas do instrumento pela internet também muito jovem, com 10 anos de idade.
Com passagem pela Orquestra Jovem de Mato Grosso, é aluno do curso de Formação desde 2017. Ele destaca a evolução que obteve e a exigência dos professores para o desenvolvimento técnico do aluno. Porém, é cauteloso ao projetar seu futuro profissional: “Creio que isso [ser violinista] vá ser minha profissão. Não a longo prazo, penso ainda em fazer uma outra faculdade, antes de propriamente um curso superior em música, mas pretendo seguir uma carreira de músico durante algum tempo”, analisa.
Com o mesmo objetivo, Daniel Müller, 26 anos, estudante de canto desde 2015 e que está atualmente no Módulo Intermediário II, atesta os pontos positivos da formação: “Foi um divisor de águas para mim, porque ele tem o compromisso de te preparar para o objetivo que você deseja: profissionalizar-se ou aprender bem a técnica de voz ou instrumento, ou ainda preparar-se para um vestibular de música. A parte de percepção musical também é muito importante”, relata.
Crianças também têm vez
Com o objetivo de iniciar o público infantil no universo musical, o Curso de Musicalização Infantil completa o rol de atividades abertas à participação da comunidade externa pela Escola de Música da UEMG. As crianças são selecionadas anualmente por edital, aos sete anos de idade, e têm o direito de permanecer durante os cinco anos da formação.
O coordenador do curso é o professor Alexandre Vianna, que também atua na graduação em Música e teve seu percurso profissional incitado justamente pelos cursos da EsMu abertos ao público: “Meu vínculo com a instituição se iniciou como aluno do Curso de Formação Musical (antigo Curso Básico), quando eu tinha 14 anos de idade. Tive a oportunidade também de realizar meu Curso Superior na própria Escola de Música da UEMG, concluindo em dezembro de 2010”, comenta.
Vianna prosseguiu sua trajetória acadêmica como professor designado dos cursos de graduação, desde 2014, atuando desde então como professor do curso de Musicalização Infantil. Realizou desde essa época um Mestrado em Educação Musical e foi convidado pela direção da Escola para assumir a coordenação do curso.
Segundo o coordenador, o curso foi remodelado e teve seu edital para a seleção de novas turmas em março deste ano: “Para 2018, a proposta é desenvolver, em sala de aula, atividades de jogos, brincadeiras e vivências musicais com diversos instrumentos, como xilofones, flauta doce, piano e demais instrumentos de percussão”, antecipa.
Ele afirma ainda que ao longo dos cinco anos de duração, serão trabalhados aspectos relacionados à criação musical, resgate de cantigas e brincadeiras de roda, vivência de estilos musicais diversos e práticas em conjunto: “A ideia geral é introduzir a linguagem musical da mesma forma que aprendemos a nos comunicar através da fala: aprendemos a nos comunicar e, depois, damos os significados de sintaxe”, complementa. “Sendo assim, nos primeiros níveis serão instigados processos de imitação, criação e experimentação musical, e, posteriormente, caminhando para uma compreensão teórica que instigue a autonomia comunicativa através da linguagem musical”.
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