I Ciclo de Conferências sobre Métodos e Processos de Criação: Articulações entre a Arte, o Design e a Moda
12/09/2017
matéria da UEMG Escola de Design
foto Luiz Gustavo Rocha
O I Ciclo de Conferências sobre Métodos e Processos de Criação: Articulações entre a Arte, o Design e a Moda, organizado pela professora-pesquisadora Angélica Adverse, foi realizado na segunda-feira 03/09, no museu de Artes e Ofícios. Os conferencistas trataram questões referentes à construção ética e criativa de novos métodos para transfigurar a relação entre o sujeito e os objetos.
Como o Design Thinking contribui para desconstruir a pasteurização universalizante da cadeia produtiva dos varejistas globais.
De acordo com o pesquisador Namkyu Chu, torna-se urgente pensar o papel social do designer em nossa cultura contemporânea. Seu trabalho inicia-se por meio de uma pesquisa qualitativa no contexto de Helsinque a partir do qual ele estuda o sistema de ensino em design e o processo de criação dos designers em meio à cadeia produtiva. Além disso, sua pesquisa observa como os eventos das Semanas de Moda também contribuem para repensar a experiência de consumo e criação em design de moda. Namkyu Chu apresenta a tese de que cabe aos profissionais do Design de moda a tarefa de atribuir um novo sentido à sua atuação profissional. Assim, caberia também às Escolas de Moda o desafio de colocarem em pauta novas possibilidades para o exercício das suas atividades que pudessem ultrapassar o estilo ou a produção de objetos. A recuperação do papel social do designer de moda estaria intimamente ligada à recriação de um lugar ou de um território que pudesse contribuir para afirmar as identidades locais para o enriquecimento de novas experiências culturais.
O espaço do jogo e a reconstrução dos significados dos vestuários pelos seus usuários
A partir do método de sondagem cultural, a designer e pesquisadora Julia Valle (doutoranda da Aalto University – Finlândia), observa os agenciamentos que ocorrem entre o sujeito e suas vestes. A designer parte de uma delicada pesquisa etnográfica intitulada “Intervenções de Guarda-Roupa” a partir da qual propõe uma leitura da relação do sujeito e do têxtil. Levando a diante o lúdico jogo estabelecido pelo usuário das peças do vestuário, sua pesquisa inicia a sua investigação sobre corpo-matéria. Dessa forma, sua pesquisa observa os processos de conservação, as relações de intimidade e afeto que se estruturam no uso cotidiano das roupas. E, ainda, as dicotomias que se instauram através do sentido da efemeridade da moda e da perenidade dos objetos do vestuário no tempo. Analisando o quão potente pode ser a dimensão de sobrevida dessas peças quando adentram o território da co-criação em design.
A complexidade da criação em design de joias na contemporaneidade
Nesse contexto o professor-pesquisador da Escola de Design (UEMG) Adriano Mol, doutor em Engenharia de Materiais pela REDEMAT, apresentou os paradoxos dos processos de produção que tentam resolver as querelas entre os desafios da exploração dos recursos minerais e a sustentabilidade. Como os demais palestrantes, sua fala suscita a responsabilidade criativa do designer frente ao espaço social. Dessa maneira, a sua pesquisa retoma o processo de valorização dos produtos e as disposições e saberes construídos na experiência entre o usuário e as joias.
O processo de criação em arte, repensando o lugar do artista na sociedade
A partir da experiência de deslocamento propiciada pelas residências artísticas, a artista-pesquisadora Isabela Prado, mestre em Artes Visuais pela Indiana University e professora da Escola de Design (UEMG), apresentou questões que circundam o sentido de projeto e método nas artes visuais. Em 2009, a artista realizou um trabalho na Palestina e foi por meio dessa vivência fronteiriça como artista e estrangeira que pode repensar a relação entre o olhar e o agir. Em sua pesquisa, repensa a relação entre o sujeito e os objetos compreendendo-os como parte de uma “paisagem social”. Ou, noutras palavras, pelo modo como se pode compreender as significações culturais atribuídas aos objetos e aos espaços. A leitura do conflito político e de suas tensões advém exatamente das formas de uso das caixas d’água pelos moradores do território palestino. Dessa relação cotidiana com água, se constroem os significados políticos e os conflitos culturais observados pela artista.
Da esquerda para direita: Adriano Mol, Angelica Adverse, Isabela Prado, Namkyu Chun,
Julia Valle e os professores Tatiana Azzi, Flavio Nascimento e Mara Guerra
ESCOLA DE DESIGN
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