UEMG integra grupo para criação de Fórum de Ação Afirmativa em Minas
13/05/2015
A Universidade do Estado de Minas Gerais se unirá a outras Instituições de Ensino Superior e organismos do terceiro setor do estado para a criação local do Fórum de Ação Afirmativa. As reuniões para implementação foram iniciadas no dia 7 de maio, na Cidade Administrativa, e contou com a participação de representantes de Universidades federais, como UFMG e UFOP, além da própria UEMG.
O objetivo da criação do Fórum em Minas Gerais — a exemplo do que já existe em outros estados, como o Rio Grande do Sul, Amazonas, Paraná e Bahia — é criar um espaço um espaço de diálogo entre atores políticos e sociais que têm compromisso com a agenda das ações afirmativas e o sucesso de suas políticas.
Entre os questionamentos suscitados pelo Fórum está o debate sobre o modelo dos processos seletivos (SISU e vestibulares) e sua real eficiência para democratizar o acesso de estudantes da rede pública do ensino médio, jovens de baixa renda, negros, pardos, populações do campo, quilombolas e indígenas. A instituição de políticas de permanência desses grupos socioeconômicos, a existência de um banco de dados detalhados e atualizados, e o engajamento da instituição no sucesso da formação desse estudante também são questões que mobilizam o Fórum.
Durante o encontro, os representantes das Instituições presentes, além de reconhecer como suas próprias organizações lidam com a temática, encaminharam entendimentos operacionais para a realização do I Fórum de Minas Gerais ainda no primeiro semestre deste ano.
“Temos o interesse em dar visibilidade às ações afirmativas e pressionar as instituições de Ensino Superior a assumir essa pauta”, afirma André Lázaro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e coordenador acadêmico da Flacso-Brasil (Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais) e do Projeto GEA-ES.
Lázaro também inferiu que hoje há uma preocupante apropriação, pelo discurso oficial, da democratização de acesso ao Ensino Superior, mas que foi possível exclusivamente pela mobilização da militância negra. “Hoje o discurso de mobilidade social está restrito à lógica do consumo. É preciso ampliar o debate, resgatar as origens das conquistas, que está perdendo contato com sua base, que é, entre outros, o movimento negro.”
A UEMG esteve presente com seu vice-reitor José Eustáquio de Brito, e as pró-reitoras de Ensino e Extensão, respectivamente, Renata Vasconcelos e Vânia Costa. “A minha trajetória acadêmica e profissional se confunde com as próprias ações afirmativas. Estar nesse caminho é também se comprometer com as trajetórias de outros. Debater a constituição desse Fórum é um compromisso pessoal e político”, afirma Brito.
As pró-reitoras listaram as ações próprias e em parcerias com interface aos objetivos do Fórum, entre eles os programas federais Programa de Educação Tutorial (PET) e o PIBID (Programa Institucional de Iniciação à Docência). “Adicionalmente a esses programas, possuímos aproximadamente 90 licenciaturas e hoje as que ainda não oferecem se organizam para oferecer em seus currículos a disciplina de História da África”, comenta Renata. “Fomos também a primeira universidade pública em Minas Gerais a implementar um sistema de reserva de vagas, iniciado em 2004”.
Um dos resultados da aplicação dessa política de seleção de alunos se comprova com os 68% de universitários matriculados oriundos da escola pública, números apurados no último vestibular da instituição.
Apesar do bom indicador, muitos desafios ainda permanecem, como democratizar o ingresso desses estudantes sem a excessiva carga burocrática, como fazer um acompanhamento eficaz do desenvolvimento desse universitário de forma a antecipar o desestímulo e evasão, bem como articular políticas de valorização e como promover uma relação orgânica das universidades com as escolas públicas de Ensino Médio, entre tantas outras. Para responder esses desafios, a criação de um Fórum de Ações Afirmativas em Minas Gerais se torna mais que necessário.
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